terça-feira, 22 de julho de 2008

Quando o tiro sai pela culatra

Há algum tempo o governo federal deflagrou uma verdadeira guerra contra as armas. Batizada de Campanha de Desarmamento, o projeto foi retomado no início deste ano, com o objetivo de reduzir as mortes por armas de fogo no país. O foco principal é arrecadar as armas da população.

De acordo com dados da pesquisa "Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros 2008", realizada pela Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino Americana), os números de mortes no país ainda são elevados. O estudo mostrou também que a violência invadiu os municípios do interior.

A campanha é válida, mas alguns pontos precisam ser repensados, a exemplo de intensificar os trabalhos no interior. Aqui é Sergipe, é comum encontradas nas casas interioranas – principalmente as que ficam fora da sede do município – uma espingarda pendurada na parede.

A arma, utilizada para caçar e dar segurança às famílias, vez por outra, acaba causando uma tragédia que, em muitos casos, têm crianças como vítimas fatais. Em menos de dois foram registrados dois fatos como este, tendo como pano de fundo povoados do interior sergipano.

O último deles aconteceu na tarde do dia 18 deste mês, na localidade Ilha do Ouro, em Porto da Folha. Uma criança de seis anos conseguir alcançar a espingarda do pai e brincando matou a irmã de quatro anos, enquanto os pais trabalhavam.

No dia 29 do mês passado, no povoado Olhos D’Água, em Arauá, Marcela de Jesus Santos, de seis anos, morreu vítima de um tiro de espingarda. Ela ficou sozinha em casa com uma prima e quando a mãe chegou estava ferida, com um tiro na testa. De acordo com a família, a arma fatal, a espingarda, ficava pendurada na parede da casa e as crianças pegaram para brincar.

Por muitas vezes o meu marido já quis comprar um revólver, um desse pequeno, de calibre 22, mas eu nunca quis. Sou aversa a arma, de qualquer tipo que seja. Sempre fui contra dar arma de brinquedo aos meus sobrinhos ou a qualquer outra criança, pois não vejo em que, tal atitude, seja educativa (...estimular lutas com espadas, tiroteios entre inimigos...).

Acompanhando as tragédias que acontecem no dia-a-dia, reforço ainda mais o meu ponto de vista de que arma em casa pode acabar causando mais uma, engrossando as estatísticas. A dor de uma família que passa por uma situação como as acima citadas é dupla: enfrentar a morte de uma criança e saber que ela poderia ser evitada, se não houvesse arma em casa ou ainda se a mesma estivesse guardada, longe do alcance dos pequenos.

Para ser contra a violência, é preciso começar a ter atitudes em casa. A minha é não ter arma, nem mesmo de brinquedo.

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