quinta-feira, 19 de maio de 2011

Uma casa para chamar de minha ou um simples meio de ganhar dinheiro


Sinceramente, às vezes paro para pensar o que certas pessoas querem.... Se não tem casa, reclamam que não têm onde morar.... Se ganham ou conseguem uma, muitas vendem ou então começam a reclamar do novo núcleo habitacional.
E aí volto ao passado, para relembrar a alegria da minha mãe, quando ganhou a casa dela lá no conjunto Augusto Franco. Era uma casa de apenas um quarto, no final da segunda etapa do conjunto e que na sala - cujo piso na verdade era contrapiso - tinha um tufo de cimento endurecido. O banheiro era minúsculo, não tinha nem murinho. Só mesmo a casa no meio do terreno de 9m por 18m.

Mesmo assim, minha mãe, no mesmo dia que recebeu a chave da casa, foi dormir lá, sozinha. Tratou de comprar cadeados e ferrolhos para reforçar a segurança das portas e janelas e a minha avó ajudou a construir o muro do quintal. Quando era época de chuva, os ônibus só chegavam até a atual praça da Juventude, no início do conjunto.

Lembro-me que muita gente falava que o conjunto era longe e muitos que ganharam casa lá, venderam pro preço de banana. Minha mãe, ao longo desses cerca de 30 anos que tem a casa no Augusto Franco, pensou sim em vendê-la, mas por um motivo mais que justo: todos os dias, para ir trabalhar, elas passava de ônibus no local onde minha irmã sofreu o acidente e morreu. Mas na época, há 17 anos, eu segurei a barra, dei força a minha mãe, que hoje continua lá, na casinha dela. Hoje, achar casa lá é uma raridade e os imóveis estão valorizados.

Aí vou ainda mais longe. Quando minha mãe ainda estava casada com meu pai, eles chegaram a ter duas casas. Uma delas, no conjunto Castelo Branco, a gente chegou a morar, mas meu pai a vendeu. A outra, no conjunto Inácio Barbosa, meu pai vendeu a chave sem nem mesmo a gente saber onde ficava a casa.

Quando ele se separou da minha mãe - que tinha 29 anos e três filhos pequenos; Brito com 9 anos, Aninha com 7 anos e eu com 5 anos -, que era até então somente dona de casa, passamos um tempo em outra casa do Castelo Branco, onde cheguei a ver até a energia ser cortada. Depois passamos por uma casinha pequena, de dois cômodos apenas, anexa a outra casa. Daí fomos para a casa dos meus avós, pais dela, até quando saiu a casa no Augusto Franco.

Já nessa época, minha mãe era funcionária de um colégio da prefeitura e se virava vendendo Avon, roupa íntima etc. Mesmo assim, não tinha como bancar a passagem dos três filhos - estudávamos no Atheneu -, então a gente só ia para lá nas férias e fins de semana. Adorava estar lá, em casa. Essa era a sensação que tinha e tenho até hoje.

Minha mãe saía para trabalhar e eu, toda cheia de orgulho, limpava a nossa casinha e passava pano nela, fazia almoço, lavava a roupa, cuidava de tudo. Hoje a casa está maior, reformada e minha mãe bem acomodada nela. Eu também moro num apartamento próprio, pois sempre dei valor em ter um imóvel próprio.

Aí hoje, quando veja pessoas dizendo que precisam de casa, ganham e depois simplesmente a vendem, fico me questionando o que realmente essas pessoas querem....

Só para finalizar: meu pai casou de novo, teve mais três filhos, se separou da segunda mulher já com os meninos crescidos e hoje está num asilo. Eu e meu irmão Brito, do primeiro casamento, ajudamos ele no que nos é possível.

As conclusões, deixo por conta de cada leitor.

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