quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Atendimento justo para pacientes do SUS

Estava escutando nesta quarta-feira, a entrevista de um médico, falando sobre a possível paralisação da categoria. Acho justa a luta por condições de trabalho e salários dignos, mas também defendo que os médicos concursados ou prestadores de serviço da rede pública cumpram a carga horária para a qual foram contratados e que também atendam dignamente seus pacientes.

Outro dia fui levar meu pai para fazer um exame de vista, chegamos antes da hora marcada e o médico, como geralmente acontece, chegou atrasado. Além disso, quando foi fazer o exame, colocou seis pacientes de uma vez só na sala... Isso é correto, é justo com os pacientes, pessoas humildes que são usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS)? Para dois pesos, devem existir duas medidas.

Meu pai está com 70 anos e há cerca de um ano e meio vem apresentando problemas de saúde. Ex-fumante e ex-consumidor de bebida alcoólica (não alcoólatra), teve um princípio de derrame, já fez uma cirurgia para colocar cristalino em um dos olhos, é diabético e pelos últimos exames, está com água no pulmão.

Agradeço a Deus por existir o SUS, que atende hoje todo mundo, quem trabalha, desempregado etc. Esta é a salvação do meu pai, que nunca de preocupou com o futuro - acho que pensou que não ia envelhecer. Mas é preciso que ele seja igualitário, a todos que chegam no posto em busca de atendimento.

Aí volto ao caso que citei acima. É constrangedor para o paciente ser colocado dentro de uma sala com mais cinco pessoas, para ser atendido coletivamente. O médico nem olhou direito para o meu pai. Mandou ele olhar para cima, para baixo, depois pegou um papel lá - acho que a ficha de meu pai - e rabiscou algo lá e o liberou. Não perguntou nada sobre ele, se tinha diabetes, pressão alta ou outras doenças. Em 15 minutos, tempo que deveria gastar com um paciente, atendeu seis. Tem qualidade um atendimento deste? Faria o mesmo se fosse uma consulta particular ou de convênio?

Sei que há deficiências nos postos de saúde, que precisa melhorar muita coisa, tanto de estrutura física como de equipamentos. Mas para cobrar condição de trabalho digna e salário justo, é preciso também ter comprometimento, cumprir a carga horária e atender bem o paciente. Se não quer agir assim, abra mão do cargo, deixe que seja ocupado por outros que o queiram.

Trabalhei no comércio por cerca de cinco anos e cumpria o meu horário certinho. Como jornalista, nos meios de comunicação pelos quais passei, sempre foi exigida a carga horária e os empregados tem que cumprir e bater inclusive cartão de ponto. E é correto, pois como pode um profissional exigir diretos trabalhistas se não agir conforme previsto na lei? Como alguém pode exigir que o tratem bem, se não fizer isso com os outros?

Não estou aqui tecendo críticas ou denegrindo a categoria médica, pois conheço muitos médicos que admiro, que já tive a oportunidade de ver que o atendimento e atenção que têm aos pacientes são iguais, sejam eles da rede pública ou particular. E confesso, ver isso é simplesmente lindo. Pode mudar sim a estrutura física da rede particular e pública, mas jamais a forma de atendimento ao paciente, pois é ser humano.

Não quero também apontar culpados pelas falhas na saúde pública, mas apenas chamar atenção para o fato de que, enquanto se briga por cima, a razão dos sistema existir - o paciente - está sofrendo as consequências. O paciente, o ser humano, deveria está no topo da briga e não interesses outros.

Pequenas atitudes, como atender de forma humanizada a pessoa usuária do SUS já faria uma grande diferença.

2 comentários:

Grace Melo disse...

OI Xanda, belíssimo texto, sempre leio seu blog. Gostaria de te pedir que entre em contato com a Ouvidoria da Saúde e denuncie o caso. O número é 156. Caso precise de qualquer coisa, me ligue. Melhoras para o seu pai.

Sacola da Xanda disse...

Ok Grace. Obrigada pela força tá.